Nome popular: Solar do Barão Ataliba Nogueira (antigo Hotel Victória)
Identificação Original: Residência de João Ataliba Nogueira
História:
Esta residência foi construída a partir de 1894 para João Ataliba Nogueira, proprietário da Fazenda Jaguary (atual Fazenda Santa Úrsula em Jaguariúna/SP), sendo um dos primeiros imóveis da cidade a utilizar uma nova técnica construtiva e sofisticada para a época, o tijolo, revelando em sua execução o uso de uma mão de obra especializada, destacando-se os trabalhos de mestres em tijolo, massa e carpintaria. Esse novo padrão urbanístico foi logo adotado pelos grandes fazendeiros de café que desejavam para suas casas o que de mais moderno existia na época.
A construção foi erguida em um período de transição entre o processo utilizado com trabalho escravo, artesanal com paredes estruturadas em taipa de pilão, madeiramento de forma circular trabalhado a mão e a cobertura de telhas do tipo capa e canal, e o trabalho livre, e, ela revela a existência de uma linguagem neoclássica típica na região no final do século XIX.
Utilizou-se neste imóvel o tijolo assentado com argamassa de cimento e cal, o estuque (massa branca composta de cal, areia fina, pó de mármore e gesso) nas paredes de divisórias internas, a madeira serrada e enfeitada tanto para o acabamento quanto para a estrutura do piso do primeiro pavimento e do forro do pavimento térreo, e as telhas importadas de Marseilhe, França, produzidas em cerâmica. O uso desregrado de elementos decorativos ao mesmo tempo, em comparação às construções existentes, abre as portas ao surgimento do estilo arquitetônico chamado de “ecletismo” na cidade.
O imóvel permaneceu como residência até 1922, quando foi vendido ao imigrante italiano José Frigeri, proprietário de um hotel na Rua 13 de maio que atendia os comerciantes em passagem pela cidade para vender calçados e roupas nos estabelecimentos comerciais e já não comportava a demanda em crescimento. Por ser grande e requintado para a época e ter uma boa administração, com uma comida de qualidade baseada na cozinha italiana, logo o Hotel Victória passou a ser referência a quem na cidade se hospedava.
Hóspedes famosos entre eles Monteiro Lobato (escritor), Guiomar Novais (pianista), Orlando Silva (cantor), os revolucionários de 1932, oficiais de Getúlio Vargas, entre outros, utilizaram os seus serviços. Para recrear seus hóspedes possuía uma biblioteca, uma discoteca de músicas eruditas com cerca de 3.500 discos, e um camarote exclusivo no Teatro Municipal de Campinas. Funcionou por mais de 30 anos encerrando suas atividades na década de 1960. Posteriormente foi adaptado para outros usos como teatro, cinema, escola.
Processo de Tombamento Nº 001/1988 - CONDEPACC
Henrique Anunziata Historiador/CSPC/SMC/PMC
Henrique Anunziata Historiador/CSPC/SMC/PMC
- Local:
- Rua Regente Feijó, 1087 Centro, Campinas
- Categorias
- Patrimônio Histórico
- Roteiros:
- Jornada do Patrimônio - Roteiro Urbano